O Merecimento das Conquistas
Em nossa jornada humana, entre dores, superações e renúncias, frequentemente nos deparamos com uma culpa silenciosa ao olhar para as nossas conquistas. A psicanálise nos ensina que muitas vezes esse sentimento está enraizado em experiências inconscientes, em crenças herdadas, e até em estruturas familiares que nos fizeram acreditar que usufruir do que é bom seria egoísmo, vaidade ou sinal de afastamento de Deus.
Contudo, à luz do Evangelho, essa crença se desfaz. Jesus, em Sua caminhada, multiplicou pães, transformou água em vinho, acolheu festas, ceou com amigos. Ele não condenou o desfrutar, mas sim o egoísmo, o orgulho e o esquecimento do outro. Isso nos mostra que o prazer saudável, a celebração do esforço e a gratidão pelas conquistas fazem parte do plano divino.
Do ponto de vista psicanalítico, negar-se o direito de usufruir do que se conquistou pode ser um mecanismo de autossabotagem. É como se uma parte nossa dissesse: “Você não é digno”. Mas essa voz não é a voz de Deus. A voz de Deus diz: “O trabalhador é digno do seu salário” (Lucas 10:7), e ainda: “Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra” (Isaías 1:19).
Quando trabalhamos com ética, quando servimos com amor, quando construímos com esforço, temos não apenas o direito, mas também o dever de honrar a Deus com alegria ao recebermos os frutos. Isso cura. Isso restaura. Isso fortalece nossa identidade e transmite aos nossos filhos e àqueles que nos cercam a verdade de que o bem não precisa ser escondido, nem a alegria deve ser contida.
Portanto, permita-se viver o que Deus lhe deu. Desfrute das bênçãos com humildade e gratidão. Celebre sem culpa. Acolha suas vitórias como quem acolhe um presente do céu. Porque você lutou, você orou, você cresceu. E sim, você merece.
Sandra Ribeiro
Psicanalista Cristã ✨